Artigos

Síndrome do Ninho Vazio – como superar esta fase? Parte 2

Síndrome do Ninho Vazio – como superar esta fase? Parte 2

No artigo anterior, falei sobre a Síndrome do Ninho Vazio e sobre como os pais sofrem com a saída dos filhos de casa quando não se preparam saudavelmente para esta fase, além de outras características importantes desta dinâmica disfuncional na família.
Neste artigo, trago cinco atitudes que os pais devem ter para passar por esse momento da melhor forma.

1. Mantenham uma relação afetiva e amorosa de casal saudável por toda a vida. Antes de serem pais, vocês formaram um casal, que hierarquicamente vem antes da paternidade, e isto não pode ser esquecido. Quando o casal abre mão de sua vida de casal para se tornar somente pai e mãe, matam a sexualidade, o casamento, o relacionamento, e mostram para seus filhos que este é o modelo de relacionamento a ser seguido por eles.

2. Mantenham sempre projetos de casal. Quando os filhos vão embora, o casal ganha novamente a possibilidade de ter tempo para si, podem aproveitar a relação amorosa e viver uma nova fase em que ambos terão a oportunidade de aprofundar a relação, passear, e se divertirem juntos.

3. Mantenham cada um seus projetos pessoais. Antes de serem um casal, cada um é uma pessoa e deve também ter projetos pessoais a cumprir. Um casal que só tem projetos de casal, quando e se uma parte ou há uma separação, entra também em depressão e sofrimento.

4. Preparem seus filhos desde cedo para serem maduros, responsáveis, amorosos e resilientes. Assim, quando os filhos saírem de casa, os pais estarão certos que estes viverão de maneira adulta, se relacionarão bem e estarão seguros, graças à educação que receberam.

5. Aprendam que os filhos vêm temporariamente para os pais para serem cuidados, educados e amados saudavelmente.

Depois, devem ir para suas vidas para fazer estes mesmos movimentos saudáveis com seus próprios filhos, levando assim a família adiante. Isto faz parte das leis saudáveis da Vida, deve ser natural, esperado e desejado.

Filhos que permanecem com os pais quando adultos, dependentes afetiva ou financeiramente, mostram que há muitos pontos disfuncionais na relação familiar que devem ser olhados e tratados.

Os pais que fazem chantagem emocional com seus filhos são imaturos e inadequadamente preparados para a função materna e paterna.

Buscam que seus filhos preencham suas carências e vazios, os quais vêm da sua própria relação disfuncional com seus pais.

De uma relação amorosa saudável não fazem parte a chantagem, o poder, a manipulação nem a culpa.
Filhos que conseguiram sair de casa e ir para a Vida, devem agir como adultos e não aceitar chantagens emocionais de seus pais.

Devem tratá-los como adultos, com amor, gratidão e respeito, como pais adultos que são, e deixar que estes próprios resolvam seus conflitos emocionais que interferem com as relações afetivas.

Os filhos também querem ter uma postura correta quando vão para suas vidas, e não querem magoar os pais.

Quando a relação foi baseada em vínculos não saudáveis, doentios e disfuncionais, a partir do momento que se percebe que isso ocorre, se há amor, este pode ser cuidado para que a agora possa ser vivenciado como um amor saudável.

Por vezes há a necessidade de procurar auxílio profissional, de um psicoterapeuta, de uma terapia familiar ou uma constelação familiar para olhar de onde vem a origem desse desequilíbrio nas relações.

Os filhos que são gratos e respeitosos aos pais, e vão para suas vidas quando adultos não podem ter medo de magoar seus pais.

Estão agindo em consonância com as leis naturais da Vida, e se estes pais mostrarem mágoa, é porque estão vivendo seus próprios conflitos emocionais que devem ser olhados e tratados adequadamente.

O amor existe em todas famílias e todas pessoas amam alguém. Os pais amam seus filhos e esses também amam seus pais.

Se o amor fosse o suficiente, não haveria tantos problemas nas famílias, dramas, sofrimento, e, só para citar um exemplo, os pais não veriam seus amados filhos se perderem em escolhas infelizes, nas drogas, em relacionamentos problemáticos, em dificuldades profissionais e financeiras.

Bert Hellinger, terapeuta alemão criador das “Constelações Familiares” nos diz exatamente isso, o amor não é o suficiente.

Antes do amor, deve vir a ordem. Essa ordem precede e contém o amor, assim como o jarro contém a água.

Ele chamou essas ordens ou leis dos relacionamentos como “Ordens do Amor”, e quando seguimos essas ordens, o amor pode enfim dar certo.

O amor para dar certo tem que seguir essas leis da vida, que são o pertencimento, hierarquia e equilíbrio de troca, o que só pode ocorrer quando vivemos nossas relações como adultos.

Para amar e levar o amor a ter êxito, precisamos ser maduros, aceitar o outro como é, não buscar que o outro supra minhas carências e necessidades, pois isso é um reflexo do que buscávamos na infância, de nossa mãe ou pai.

Devemos superar a necessidade de agir exatamente como nossos pais e nossa família agiam, estando abertos para criar junto a nosso parceiro um novo modelo de relação que traga o melhor que existe em nossa família, e ele ou ela traga o melhor que há na sua. Deixamos de lado o modelo não saudável nos relacionamentos que aprendemos.

Devemos saber criar nossa própria família sem precisarmos ficar dependentes ou grudados na família de origem, pois o amor maduro em relação à nossa família deve estar dentro, não mais precisa estar o tempo todo junto.

Quando conseguimos viver de acordo com esse modo maduro de amar, o amor tem possibilidade de dar certo e caminhar saudavelmente para a vida.