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Orgasmo e sexualidade saudável. Quais são suas funções?

Orgasmo e sexualidade saudável. Quais são suas funções?

A vivência da sexualidade saudável é uma função que deveria pertencer somente ao mundo adulto.

O orgasmo como o clímax da relação sexual traz intensas sensações de prazer e conexão, e possui diversas finalidades.

Segundo a visão biológica é o chamariz da evolução para atrair os seres vivos para o sexo, a fim de garantir a reprodução e continuidade das espécies.

Por isso na maioria das espécies o desejo sexual e o acasalamento só acontecem durante o período do cio, enquanto que nos seres humanos acontece em qualquer período.

Apesar disso, a sexualidade ainda é assunto associado a tabus, preconceitos, dificuldades e sendo assim pode gerar tanto sofrimento quanto bem estar.

Orgasmo tem a função da geração de vínculos.

O orgasmo é o clímax do ato sexual, um intenso desfecho de uma experiência de entrega e troca íntima, um momento de prazer que envolve todos sentidos, e não pode ser comparado a nenhum outro em intensidade e profundidade.

Sua função é proporcionar uma vivência prazerosa da sexualidade, aprofundar o vínculo entre duas pessoas, e potencializar o amor Eros, de união entre duas pessoas, num compromisso para a vida.

Quanto mais vezes um casal se relaciona sexualmente, tem prazer e orgasmos juntos, maior o vínculo que se cria entre eles. Assim eles vão para uma vida em comum e criam sua própria família, separando-se da família de origem.

Sexualidade e seccionar vem de uma mesma raiz, e o significado é que através da sexualidade nos vinculamos a outra pessoa e nos separamos da família de origem, assim criamos uma nova família, para que a vida continue adiante.

Quando duas pessoas estão em uma relação sexual e conseguem chegar juntas ao orgasmo, vivem uma experiência única de união a qual aprofunda seu vínculo e conexão.

Porém a sexualidade ainda é cercada de tabus, medos e dificuldades, que podem ser superadas.

Vivemos décadas de repressão sexual, da vinculação de sexo ao pecado e culpa, com consequente dificuldade na expressão da sexualidade para muitas pessoas.

Há alguns anos, a partir dos movimentos de liberação sexual experimentamos o oposto, a liberação total, o domínio do corpo, o prazer pelo prazer, o uso inconsequente da sexualidade sem vínculos gerando também problemas, prova que o movimento saudável, que deveria estar sempre no caminho do meio, não aconteceu, a humanidade ainda não conseguiu chegar ao ponto de equilíbrio, permanece oscilando entre extremos.

Criamos um vínculo com todas pessoas com quem nos relacionamos sexualmente, mesmo que de maneira irresponsável, inconsequente e inconsciente.

Se tivermos relações com muitas pessoas, espalhamos essa energia indiscriminadamente, os vínculos são fracos e não conseguimos nos separar de nossa família de origem nem formar vínculos fortes com ninguém.

Quando temos uma parceria forte e amorosa, com quem vivenciamos intimidade e uma sexualidade intensa e prazerosa, um voltado ao prazer do outro além de si mesmo, ampliamos continuamente nosso vínculo gerando uma relação cada vez mais profunda, conectada e baseada no equilíbrio de troca, dar e receber.

Durante o ato sexual liberamos substâncias químicas que geram prazer, nos conectam ao outro e aprofundam a ligação, como a dopamina, noradrenalina, serotonina, e principalmente a oxitocina, que é o hormônio do vínculo.

Viver a sexualidade somente pelo prazer e pelo seu clímax, o orgasmo, é abrir mão da oportunidade de gerar um vínculo profundo para a vida com outra pessoa, de nos abrirmos realmente para a que o outro conheça nossa intimidade e conheçamos a dele, uma oportunidade de dar e receber prazer, amor, e aprofundar a conexão, numa ligação que não teremos do mesmo modo, com mais ninguém.