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Mulheres em dupla jornada. Como manter a saúde e o equilíbrio? Parte 2

Mulheres em dupla jornada. Como manter a saúde e o equilíbrio? Parte 2

No primeiro artigo sobre este tema, falamos da dupla jornada da mulher e e que maneira práticas como a meditação mindfulness são úteis na prevenção e tratamento do estresse decorrente deste estilo de vida.

É sabido que a mente de mãe não para, corpo de mãe não descansa.

Como pode uma mãe pode desacelerar e evitar doenças em decorrência do cansaço e sono?

A mulher que é mãe deve conscientizar-se que tão importante quanto cuidar de seus filhos é estar saudável para sentir-se bem, viver em equilíbrio, viver sua própria vida com seus projetos pessoais, enquanto continua também cuidando dos filhos.

De nada adianta uma mãe ser muito ativa e até mesmo incansável se ela estiver doente e tornar-se impossibilitada de trabalhar e cuidar.

Como na metáfora da máscara de oxigênio caindo no avião despressurizado, cada um precisa primeiro colocar a máscara em si próprio para só então colocar nos outros, ou então perderá os sentidos e não conseguirá cuidar de ninguém nem de si própria.

Priorizar a atividade física, o sono reparador, contar com a colaboração do parceiro  para que possa também ter um tempo para si, são tarefas difíceis porém necessárias.

Quais são as doenças emocionais que mais afetam as mulheres? Como essas mesmas doenças afetam o corpo físico?

A ansiedade patológica é uma das doenças mais prevalentes dos nossos tempos podendo causar sérias restrições na vida diária, pessoal e profissional.

As pessoas ansiosas vivem preocupadas (pré ocupadas) imaginando problemas que ainda não ocorreram mas que em suas mentes não terão solução.

O ansioso tem e vive em um “excesso de futuro”, um futuro tenso e negativo, vivido antecipadamente e que traz sofrimento.

Várias alterações físicas também ocorrem na ansiedade, e não se pode comprovar se  são a causa ou consequência da mesma, como ativação na amígdala cerebral, sistema límbico e excesso de neurotransmissores como a adrenalina e o cortisol, além de sintomas físicos dentre os quais taquicardia, sudorese, alterações gastrointestinais, tremores, disfunções sexuais, alterações do padrão do sono, bloqueio emocional, dificuldades de relacionamentos e outros.

Outra doença grave e prevalente na atualidade é a depressão.

Sua incidência vem aumentando em todo o mundo, em todas classes sociais, e nos próximos anos ela estará entre as principais doenças que causam incapacidade e restrições, levando a graves quadros e muito sofrimento.

A depressão pode desencadear diversas outras doenças aos quais seu portador tem a predisposição.

Uma pessoa depressiva não se encontra somente com depressão no cérebro.

Todo o seu corpo está depressivo, o que pode ser constatado na postura corporal, respiração, olhar, e os sintomas depressivos também se refletem em todas funções corporais, inclusive no metabolismo, no ritmo circadiano e na imunidade, o que favorece o desencadeamento das doenças crônicas e autoimunes.

O estresse também é uma doença da mulher que desempenha múltiplas funções.

As mulheres e mães podem sofrer com o estresse tanto ou mais que os homens.

As alterações que o estresse causa no organismo, no eixo hormonal hipotálamo-hipófise-suprarenal ocorrem causando os sintomas do estresse.

Muitas vezes a mãe não consegue se expressar adequadamente a respeito de suas emoções e sensações, porém o estresse sobrecarrega seu organismo e sua mente, e os sintomas podem surgir, na forma de alterações gastrointestinais, alterações de sono e humor, de comportamento, agitação, queda do rendimento profissional, irritabilidade e dificuldades nos relacionamentos.

Todos esses sintomas podem surgir sem que se reconheça a origem no estresse familiar, o que dificulta a abordagem adequada do problema.

Uma questão importante é que as crianças modelam seus pais.

Elas sempre estão olhando e aprendendo como seus pais olham para o mundo, como eles agem, se comportam, se relacionam, e quando crescerem repetirão diversos padrões de comportamento de seus pais e cuidadores.

Quando os pais são estressados, todo o ambiente familiar se torna estressado e as crianças que vivem nesse “clima” emocional sentir-se-ão igualmente estressadas.

O estresse pode causar diversas alterações físicas e emocionais nos adultos e também nas crianças, como sintomas gastrointestinais, alterações de sono, do humor, da concentração e do rendimento escolar, distúrbios alimentares, agitação psicomotora, alterações de comportamento e outras.

Mães que trabalham em casa costumam ter dificuldade para saber a hora de dar fim ao expediente. Muitas aproveitam o tempinho da criança quieta para “adiantar o serviço”. Como educar a mente e o emocional para essa nova fase de “horário flexível”, que nem sempre é tão flexível como imaginamos?

Quando terminar o horário pré definido para o trabalho, desconecte-se dele.

Se possível não responda e-mails e mensagens de trabalho fora do seu horário de trabalho.

Se puder esperar até amanhã, por que usar seu tempo de descanso e lazer para o trabalho?

Não conseguir se desconectar por culpa ou medo pode gerar estresse, até chegar ao grave burnout.

A França instituiu a negociação entre empresas e colaboradores a respeito da necessidade de desconectar-se quando estão no período de descanso, para melhorar a produtividade e a qualidade de vida.

Se estiver sobrecarregada, reavalie suas atividades: a vida social e familiar tem tanta importância quanto o trabalho, quando não mais.

A vida requer contemplar, além do trabalho, o aspecto social, o lazer, o espiritual, o financeiro, a saúde e a qualidade de vida.

Não deixe que uma só parte de sua vida tome o lugar de todas as outras, pois poderá adoecer.

Cuidar e promover a saúde, prevenir doenças, focar na qualidade de vida sempre vale muito a pena. Experimente!