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Traumas nos relacionamentos Pais e Filhos

Traumas nos relacionamentos Pais e Filhos

Todos conhecem John Lennon e Elton John, artistas inspirados e talentosos, mas nem todos conhecem suas histórias de vida.
Os dramas que viveram moldaram seus caráteres, suas dores se tornaram fonte de inspiração e influenciaram sua arte. Seus sofrimentos se repetem com muitas pessoas.
Por vezes, vivemos conflitos de relacionamento e traumas na relação com nossos pais durante nossa infância e levamos para a vida adulta uma mistura de amor, dor, culpa e sofrimento, com as diversas funções familiares se apresentando em desordem.
Dependendo da fase em que houve os problemas e foram gerados os traumas, desde a vida intrauterina durante a gestação até cerca de cinco anos de idade (fases oral, anal e genital), passando pela amamentação, início da autonomia e do andar, desfralde, relação com a mãe e com o pai, percepções do relacionamento entre o casal e entre os pais e os filhos, podemos ter sentido rejeição, abandono, manipulação, humilhação ou traição, e a sombra destes poderá permear a vida e os relacionamentos futuros.
Ao nos tornarmos adultos, poderemos repetir e confirmar inconscientemente estes traumas e suas crenças limitantes na relação com as outras pessoas.
Isso perdurará até que essas dores possam, ou não, ser olhadas, tornadas conscientes e tratadas através de um processo terapêutico.
A juventude de John Lennon, retratada no filme “Nowhere Boy”* (O Garoto de Liverpool, filme canado-britânico de 2009, dirigido por Sam Taylor Wood, com roteiro de Matt Greenhalgh, mostra parte de seus conflitos com o feminino, representado pela mãe Julie e por sua tia Mimi.
Ele escreveu a música “Mother”, na qual fala sobre a dor sentida do abandono por sua mãe e seu pai.
O que John Lennon expressa nessa música é a dor do abandono na infância.
Quem ainda não viu, recomendo também o filme da vida de Elton John “Rocket Man”, com a mesma temática, os conflitos de relacionamento entre ele, sua mãe e seu pai.
A cena final deste filme, dele adulto com sua criança, é uma verdadeira Constelação Familiar.
Podemos perceber claramente as consequências dessas carências e traumas da infância de quem as viveu.

Cada um de nós passou por traumas durante a vida.
Podem ter sido traumas únicos e intensos, ou traumas menores e recorrentes. Costumam deixar marcas, e para nos defendermos desenvolvemos cinco “traços de caráter”.
Os traços de caráter (esquizóide, oral, psicopata, masoquista e rígido) trazem a dor e também os recursos de superação quando enfrentados.
Esses traumas na sua maioria não são lembrados ou conscientes por terem acontecido na fase em que ainda não desenvolvemos adequadamente o Hipocampo e demais áreas no cérebro relacionadas com a memória. Mas independentemente de serem ou não recordados conscientemente, deixam as marcas no corpo, no comportamento, nos relacionamentos etc.
Muitas vezes (ou quase sempre, até que tenhamos a consciência disso e procuremos nos tratar) buscamos aliviar a dor do trauma através de outras pessoas, amigos, colegas, parceiros afetivos e filhos.
Por compensação, podemos nos tornar filhos parentais, para cuidar daqueles que não cuidaram de nós. Já repararam que os filhos mais maltratados serão os que cuidarão dos pais na velhice?
Encontraremos companheiros e teremos filhos para que cuidem de nós etc.
Todos esses são mecanismos gerados pela dor infantil, e que nunca serão solucionados dessa maneira.
No trabalho psicoterapêutico e, principalmente nas modernas terapias EMDR e nas Constelações Familiares, podemos chegar na origem real do trauma e trabalhar para caminhar num movimento de cura sistêmica, pois em grande parte das vezes esses traumas infantis são repetições transgeracionais de traumas semelhantes que ocorreram em outras gerações da família, e através das identificações sistêmicas os repetimos.
A única solução para curar esses traumas é nos tornarmos realmente “adultos”, não somente cronologicamente, mas assumindo as funções adultas na vida.
O adulto saudável que nos tornaremos irá cuidar da sua criança interior ferida.
Poderemos nós mesmos, enfim, assumir a função de PAI e MÃE de nossa criança interior, sem precisar que outros preencham essa carência, já que ninguém poderá (embora queiramos e muitos tentem) fazê-lo.
Quem fez a formação, quem já participou de constelações com esse tema, sabe disso e pode testemunhar muitas transformações maravilhosas na vida das pessoas que realmente buscam o caminho do adulto saudável.