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Transtorno de personalidade borderline. No limite do saudável!

Transtorno de personalidade borderline. No limite do saudável!

O transtorno de personalidade borderline é uma doença psiquiátrica, complexa, grave e que pode gerar, quando não tratada, consequências irreversíveis para a vida pessoal, profissional e afetiva.

Os sintomas são grande instabilidade emocional e desregulação do afeto, os sentimentos são intensos e dicotômicos, num momento “tudo está ótimo e existe amor” e no seguinte “tudo está péssimo e só existe ódio”.

Quando reconhecido e tratado adequadamente, pode possibilitar uma vida produtiva e saudável.

O paciente pode se sentir invadido, angústia de abandono, comportamentos impulsivos em áreas com potencial autodestrutivo como abuso de substâncias químicas, sexo, ou compulsão alimentar, que os colocam em risco de vida e tentativas de suicídio, sentimentos vazio, estresse e desejo de automutilação.

Por vezes passar por uma frustração pode desencadear como resposta acessos de raiva, e eles também não conseguem lidar com o sucesso, sabotando-se quando estão na iminência de conseguir conquistar suas metas.

As estimativas de prevalência média do transtorno de personalidade borderline na população vai de 1,6% a 5,9% dependendo do contexto onde for avaliada. Nos núcleos de Atenção Primária é cerca de 6% nos ambulatórios de saúde mental, CAPS e consultórios psiquiátricos em média 10% e em pacientes internados pode chegar a 20%, e é diagnosticado principalmente em mulheres.

Há dúvidas se existe uma população mais propensa a ser mais atingida e se o histórico familiar tem algum peso na incidência da doença.

Parentes de primeiro grau de doentes com transtorno de personalidade borderline são acometidos pela doença com uma frequência cinco vezes maior que na população em geral, contribuindo para uma hipótese causal genética.

Crianças que vivem em famílias instáveis, com histórico de conflito na relação dos pais, educação extremamente autoritária ou negligente, presença de abusos físicos, mentais e sexuais e pais que são usuários de substâncias psicoativas ou com doenças psiquiátricas como o transtorno depressivo grave ou bipolar podem aumentar a predisposição ao desenvolvimento do transtorno.

O diagnóstico do transtorno borderline é clínico, não há exames específicos. O diagnóstico é feito por uma série de sintomas e traços, não por critérios isolados, e o psiquiatra deve avaliar os sintomas, questionar sobre ideação suicida, autolesões, agressividade, impulsividade, e fazer o diagnóstico diferencial com outros transtornos psiquiátricos como o transtorno bipolar, além de excluir outras doenças que podem ter sintomas em comum, como disfunções graves da tireóide, problemas neurológicos e abuso de substâncias, com a ajuda de exames complementares, quando indicado.

O transtorno borderline é uma síndrome complexa, desencadeada geralmente no início da fase adulta e pode evoluir para graus mais graves e restritivos com o tempo.

Pode também apresentar crises de agravação, e quando não tratada pode haver piora do quadro e dos sintomas até a impossibilidade de seu portador viver uma vida saudável com relacionamentos afetivos e atividade profissional.

O portador do transtorno borderline deve ser acompanhado proximamente por equipe multiprofissional composta de médico psiquiatra, psicólogo, e simultaneamente deve ser tratada adequadamente, com mudanças no estilo de vida, podendo ser utilizadas terapias complementares e integrativas, sem esquecer do acompanhamento familiar, já que a família também pode apresentar disfunções que contribuam para o agravamento da doença no portador do transtorno borderline.

A família do paciente com transtorno borderline pode apresentar disfunções mas também pode ser uma família normal e minimamente saudável.

Em ambos casos, devem buscar orientação profissional para que aprendam a lidar com seu familiar que se encontra doente, e necessita acolhimento, entendimento e cuidados, sem o vitimizar.

Devem orientar e acompanhar o tratamento, cuidar para que seja corretamente realizado e estar presentes e cuidando ao mesmo tempo de seus próprios problemas e de suas vidas, sem viver somente ao redor de seu parente que se encontra doente.