Câncer, a prevenção e o tratamento requerem um olhar sistêmico!
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Hoje em dia muitos pais se queixam que os filhos estão mais distantes, quase nunca os visitam, e que a comunicação entre eles não é o que esperavam. Essa percepção é real? Se for verdadeira, qual a razão de tal distanciamento?
Quando os filhos estão adultos e crescem, é normal, saudável e esperado que saiam de casa para viver suas vidas, e a partir de então a relação com os pais naturalmente muda.
Os filhos trabalham, tem suas próprias relações afetivas, amizades, outros interesses, e o tempo passa a ficar mais limitado, mas isso não quer dizer que o afeto e o amor entre filhos e pais foi modificado.
O que acontece muitas vezes é que os pais viveram por muito tempo em função dos filhos, e quando esses vão para suas vidas, fica a sensação de vazio de um lugar que o filho preenchia. Isso não é saudável para a família.
Quando os filhos saem de casa, se os pais tinham uma vida própria com suas atividades pessoais, profissionais, boa relação entre o casal, sentirão a mudança, mas continuarão se sentindo bem, mantendo suas funções e atividades, priorizando a relação do casal, descobrindo novas atividades, sem a presença dos filhos.
Quando os pais viviam em função dos filhos, essa falta será sentida como sofrimento, e uma relação de dependência pode se revelar, gerando ressentimentos, mágoas, culpa, cobranças e prejuízo da relação entre eles.
Antigamente as famílias viviam uma vida mais caseira, com menos atividades, e as famílias se mantinham mais próximas.
Porém, proximidade física não significa proximidade emocional e afetiva.
Muitos vivem juntos na mesma casa, porém afetivamente há uma imensa distância.
Os vínculos entre pais e filhos sempre dependem da qualidade da relação que foi criada e mantida entre eles, não da distância.
O amor adulto é um amor que se encontra dentro de cada um, não necessita o tempo todo estar perto.
Muitas vezes os pais e os filhos convivem juntos mas não experimentam uma intimidade nas relações, não se expõe, não falam de si, vivem em seus próprios mundos, convivendo sob o mesmo teto.
Quando a relação acontece dessa maneira, a separação quando os filhos saem de casa só expõe a distância que já existia.
Também com o passar do tempo, aparentemente os jovens questionam mais a autoridade, mas isso não é regra geral.
A educação que vem da família deve ensinar que é necessário haver o respeito às figuras de autoridade, às regras, e isso será um fator protetor para o jovem, já que em algum momento irá conviver em sociedade e precisará lidar com outras pessoas e com regras de convívio e comportamento.
Questionar a autoridade é normal e acontece desde a infância, quando as crianças testam seus pais para ver e aprender até onde podem ir.
Sendo assim, o autoritarismo, confundido com excesso de autoridade, assim como a liberdade total e ausência de regras são igualmente prejudiciais durante o processo de aprendizagem e crescimento. Ambos ensinam a viver em caminhos extremos que podem e costumam gerar conflitos nas relações.
O equilíbrio se encontra sempre no caminho do meio.
Quando há afastamento entre pais e filhos, cada caso deve ser avaliado individualmente.
Por vezes houve muita rigidez na relação, por vezes muita liberdade, cobranças, em outras os pais geraram expectativas irreais nos filhos, quiseram que esses vivessem seus projetos e não os deles, havia relações não saudáveis de dependência e codependência, pais que buscavam filhos para suprir suas carências, filhos que queriam cuidar de seus pais ou que preenchiam vazios na relação de seus pais, dentre várias outras possibilidades.
Todos esses exemplos são de relações pouco saudáveis que não podem se manter por longo tempo sem sofrimento, culpa e lamentações.
Quando a relação foi baseada em vínculos não saudáveis, a partir do momento que se percebeu que isso ocorre, se há amor, este pode ser cuidado para a partir de então ser vivenciado como um amor saudável, não mais doentio nem disfuncional.
Por vezes há a necessidade de procurar auxílio profissional, de um psicoterapeuta, de uma terapia familiar ou uma constelação familiar para olhar de onde vem a origem desse desequilíbrio nas relações.
Aprender como amar de maneira adulta e saudável é possível e desejado, e direciona as famílias para mais satisfação, melhores relacionamentos, saúde e qualidade de vida.